Não é de hoje que a “consciência” está presente nas discussões sobre consumo e comportamento. Em tempos de crise, escândalos de escravidão, desastres ambientais, não podemos fugir deste tópico. E o seu papel nisso tudo, já parou para pensar?
Por mais que consumir seja uma delícia e nos proporcione um bem-estar (sim, é muito bom), não dá mais para sair comprando tudo sem um planejamento e consciência. Mas, porquê?
Quando falamos de consumo consciente, levantamos uma questão importante sobre o uso de recursos naturais de nosso planeta. Você sabia que hoje a humanidade já consome 30% mais recursos do que é possível renovar? Além disso, uma enorme parte dos produtos são descartados sem um planejamento e sem o destino correto. São toneladas de lixo sem probabilidade, muitas vezes, de reuso e reciclagem.
Consumir inteligente, ao mesmo tempo diz respeito às condições sociais e ambientais de produção. É absurda a quantidade de casos de situação análoga à escravidão que vemos, ainda hoje, repercutir na mídia, vindos de grandes marcas. No quesito ambiental, lixo, desperdício e poluição são recorrentes em toda a cadeia de produção.
Outro ponto que pouco se fala é a valorização da economia, do mercado interno, e de novas propostas de artigos de consumo. É nítida a concorrência desleal da China (principalmente, sem mencionar outros países), que faz crescer os olhos dos empresários para produzir fora. E quem nunca comprou (ou ficou tentado a comprar) um achado direto de lá, porque o preço era muito mais em conta?
E o que acontece com o nosso mercado? Não seria muito mais interessante poder comprar de marcas nacionais, com uma produção mais enxuta, consciente e justa?
Muitos negócios estão surgindo com o intuito de criar a partir materiais e tecidos reciclados, sucatas e desperdícios de produção, realizando parcerias com ONGs e comunidades. Essas atitudes contribuem para o desenvolvimento econômico e social do país. Vale destacar que não falamos mais de produtos sem apelo estético, vemos muita criatividade e inovação.
A marca Crua Design valoriza a qualidade da matéria-prima e do trabalho locais, trazendo o conceito de ressignificação de materiais, transformando resíduos em elementos simples e sofisticados.
Rust Miner é uma marca de acessórios upcycling, que serve de grande inspiração na reutilização de materiais. No momento está “hibernando” por um tempo para se reavaliar e se reestruturar.
Temos que admitir que não são todas as empresas, grandes ou pequenas, que têm essa preocupação. Porém, se mudarmos nossos hábitos de consumo, buscando artigos que, além de trazerem os benefícios buscados, são ecológica e socialmente conscientes, ajudamos as marcas a se adaptarem para esta nova realidade.
Mudanças significativas
Mas, então, o que posso fazer para ajudar? O primeiro passo é entender que, enquanto consumidores (e seres humanos), somos agentes transformadores da sociedade. Devemos buscar ações e atitudes mais positivas, minimizando o impacto negativo no nosso planeta, por meio de mudanças significativas. Isso inclui pensar nas relações sociais, na economia e na natureza.
Dê preferência às empresas preocupadas com a sustentabilidade em suas práticas cotidianas. Procure saber a procedência dos produtos e materiais, o local onde é desenvolvido, quem são as pessoas envolvidas, se a marca promove ações em toda sua cadeia produtiva. Uma dica é o aplicativo Moda Livre, que mostra o status de diferentes marcas, com informações sobre casos de escravidão, sobre as políticas internas e ações sustentáveis, entre outras questões. Embora não contemple todas as marcas nacionais e internacionais, ele faz um apanhado de muitas empresas importantes.
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O princípio dos 3Rs
Outra forma de contribuir com esta questão é utilizar o princípio dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar. Pensando na questão “reduzir”, planeje melhor suas compras, desde artigos para casa, alimentos, até itens de vestuário e acessórios. Será que é, realmente, necessário adquirir determinados produtos? Será que não é possível fazer compras no próprio guarda-roupa? Pegue emprestado com amigos e parentes, alugue ou ainda customize o que já tem.
Neste artigo falo sobre pontos importantes para comprar de forma mais inteligente. Uma pequena mudança no seu hábito de consumo é um gesto que impacta positivamente no nosso planeta.
Praticamente tudo o que adquirimos, ainda vem em embalagens ou resulta em resíduos que podem, de alguma forma, ser reutilizados. Observe se o que você adquiriu permite um diferente uso. Peças de roupas antigas que você já está cansado de usar sempre da mesma maneira podem ser personalizadas para que tenham um novo aspecto e durem muito mais tempo em seu guarda-roupa.
Reciclar pode ser uma tarefa mais difícil, pois envolve transformar o item em matéria-prima de novos produtos. Isso pode ser feito de forma industrial ou artesanal. Por isso, demanda mais tempo e mão-de-obra. Apesar disso, você contribuiu – e muito! – realizando uma separação, destinando a locais especializados em reciclagem. Pesquise ONGs e instituições que recolham próximas à sua residência ou trabalho, para ter certeza do destino.
Faça o que tem condições de fazer agora e, aos poucos, adapte sua rotina. Repensar suas ações e atitudes frente a esse tema é o primeiro passo. Com certeza, se todos realizarem pequenas mudanças já teremos um impacto importante no nosso planeta.
Dica de leitura
Eco Chic: O Guia de Moda Ética para a Consumidora Consciente, da Matilda Lee. Este livro apresenta muitos dados sobre a indústria e os impactos ambientais, que não temos ideia. Ótimo para chocar e ajudar a nos conscientizarmos da importância de praticar o consumo consciente.